Porto, 12 de Janeiro de 2011
Cavaco Silva nestas últimas semanas de campanha tem adoptado um discurso bastante parecido ao de Henrique Medina Carreira, no programa da SIC Notícias, Plano Inclinado, embora se exceptue o dramatismo. Contudo, esta postura de Cavaco é muito tardia, embora afirme que já vinha alertando para que mais tardo ou mais cedo chegaríamos a uma situação “explosiva”, o facto é que só ouvimos essas objectivas palavras da boca do PR durante a mensagem de ano novo de 2010. Ao invés do Presidente, Medina Carreira, Ferreira Leite, entre outros, vinham alertando de forma objectiva e clara, desde o início da década, para a situação insustentável para que caminhávamos, e que a crise internacional acelerou de forma trágica. Apesar de ser do PSD e de provavelmente votar Cavaco Silva nas próximas eleições presidências, não posso negar que desde 2005 até 2010 as mensagens do Presidente da República liam-se de todos os lados e davam azo a todas as interpretações possíveis. Cavaco Silva não foi claro e objectivo nas mensagens que enviava aos principais responsáveis políticos.
Agora, adopta esse discurso. Um discurso que porventura lhe dará a vitória, mas com o qual se terá de comprometer nos próximos 5 anos. Ao contrário de José Sócrates, Cavaco Silva não tem a fama de quem promete e não cumpre. E portanto, é muito importante que este espírito interventivo e de falar verdade tenha efeitos pós-eleições. Porque só o actual Presidente da República tem capital para ganhar eleições falando verdade, nenhum outro político conseguirá ganhar eleições falando a verdade e apresentando todo o seu projecto político para Portugal.