Porto, 11 de Agosto de 2011
Em Novembro de 1910, teve lugar uma greve dos mineiros galeses do vale do Rhondda, dando origem a uma série de desacatos e roubos, os quais a polícia local não conseguiu controlar. Winston Churchill, Ministro do Interior, intercedeu pessoalmente e restaurou a calma e ordem, através da intervenção do exército, posto de prevenção nas proximidades. Contudo, este episódio perseguiu a sua longa carreira política, conhecida pela moderação, diálogo, mas sobretudo pela persecução incansável pela liberdade, que o distinguiu de todos os outros seres humanos do século XX.
Os confrontos que Inglaterra tem vivido nestes últimos dias destacam-se, e muito, deste episódio anteriormente referido. A falta de motivos que lhes estão associados é uma novidade preocupante, porque o vandalismo só é surpreendente pela quantidade de jovens que nestas acções têm participado, a cultura de hooliganismo não é propriamente novidade.
A Europa sabe que deve à Inglaterra a democracia ocidental e a mera possibilidade de ela existir, mas o país de Edmund Burke, Winston Churchill e Margaret Thatcher, sofre também as consequências de uma sociedade doente, de um Estado Social que deu a conhecer ao mundo a impiedade da terceira geração que não conhece o trabalho, e que 70 anos após a última bomba da Luftwaffe, pôs Londres novamente debaixo de fogo. A polícia, sem “sangue, suor e lágrimas”, não teve meios para reagir aos motins, e David Cameron agiu tardiamente, ficando apenas patente a falta de poder dos decisores locais para actuar nas primeiras horas.
Concluio que assistimos a convulsões sociais muito sérias e que nos relembram os momentos mais negros da humanidade. A crise mundial e estas novas práticas de exercer a revolta têm espantado a Europa, e fazem-nos temer o pior.
Redes Sociais
Mais uma vez é admirável o papel que as redes sociais têm tido durante os confrontos, com destaque para o número de movimentos que proliferam em prol da defesa da cidade de Londres, invocando o famoso ‘Blitz spirit’.
Contudo, a falta de perspicácia ou ignorância dos Estados em relação às potencialidades das redes sócias é muito preocupante. Parece que nada aprenderam com a revolta no Irão, Egipto, Líbano, Tunísia e Síria, e continuam sem perceber que estas ferramentas são usadas pela facilidade de acesso às pessoas, jovens em geral, e a falta de controlo, ou o difícil controlo, é favorável a acções criminosas.