oalmirante @ 21:18

Qua, 16/05/12

Em Março do ano passado tive o prazer de estar presente num jantar/debate com o Eng.º Carlos Pimenta, onde se debateu a política energética a seguir no futuro. Em contracorrente à defesa das energias renováveis, defendidas pelo Eng.º Carlos Pimenta, o Eng.º Mira Amaral, uma semana antes, durante uma Assembleia Distrital de Viana do Castelo, no âmbito da revisão do programa do PSD, defendia a implementação do nuclear em Portugal.

Relembro dois pontos que na altura foram para mim de extrema importância:

  1. Citando o ex-primeiro-ministro, José Sócrates, em Montalegre: "53% da produção eléctrica nacional foi com base nas energias renováveis, o que permitiu reduzir a importação de petróleo".
  2. Explicação: “Ora é preciso que os nossos distintos jornalistas económicos e os nossos partidos políticos percebam que as renováveis (barragens inclusive) que produzem electricidade não poupam um único barril de petróleo importado pois que: (1) já não utilizamos petróleo na produção de electricidade; (2) o consumo de petróleo é basicamente no sector dos transportes e só quando houver massificação dos veículos eléctricos, o que infelizmente ainda vai levar bastante tempo, é que a electricidade substituirá o petróleo”.

A política seguida pelo então governo socialista, não tinha por base reduzir a importação de petróleo, mas tão-simplesmente dar continuidade a um projecto que representa 96% de incorporação nacional. Isto do ponto de vista político é óptimo, mas não é tão positivo assim, como se fez crer, do ponto de vista económico, isto é, os restantes 47% de produção eléctrica nacional então só poderão ser produzidos através de centrais de carvão ou gás, deduzo que importados.

Assim, relembro a questão do nuclear, mas desta feita com um pequeno enquadramento histórico. A Segunda Guerra Mundial, e os respectivos bombardeamentos nucleares, em 1945, de Hiroxima e Nagasaki, introduziram uma nova Era, a Era Nuclear. Uma nova ordem mundial foi necessária para controlar a ameaça constante que representa a bomba nuclear. Contudo, os programas nucleares continuaram a ter uma aplicação civil, mas com a catástrofe de Chernobyl, em 1986, os países europeus, e muito pela luta dos partidos ecologistas europeus, começaram a optar por desactivar as suas centrais.

Contudo, nos 26 anos seguintes à catástrofe, em Chernobyl, a discussão em torno do aquecimento global é hoje uma das grandes preocupações das principais potências mundiais, culminando em sucessivas cimeiras e tratados, sem qualquer tipo de efeito prático. E com abolição dos seus programas nucleares, a maioria dos países europeus voltou a utilizar combustíveis fósseis para a produção de electricidade, por ser claramente impossível subsistir com apenas energias renováveis. Assim, e mais uma vez, a questão do nuclear volta para cima da mesa, e desta feita pelos melhores motivos, hoje em dia já muitos partidários dos partidos ecologistas defendem a opção nuclear, por esta não emitir gases de efeito estufa. A Finlândia, por exemplo, cerca de 20 anos depois de ter desligado o seu último reactor nuclear, voltou recentemente a optar por esta opção.

A Europa ao voltar a optar pelo nuclear terá, no entanto, uma dupla vantagem. Nesta nova ordem mundial, as principais potências são detentoras de fortes programas nucleares, com uma vertente claramente militar, tendo em vista os seus interesses geopolíticos. Falamos hoje em dia, não só de Estados Unidos e Rússia, mas também a China, Índia, Brasil, Paquistão e Irão. A opção da Europa por uma estratégia geoeconómica, conforme preconiza a própria EU, não foi uma ideia mundialmente aceite por todos, e por isso, importa agora que a Europa recupere o seu lugar no Mundo, fazendo-se respeitar e protegendo os seus próprios interesses e a paz mundial.

 



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"We shall go on to the end, we shall fight in France, we shall fight on the seas and oceans, we shall fight with growing confidence and growing strength in the air, we shall defend our Island, whatever the cost may be, we shall fight on the beaches, we shall fight on the landing grounds, we shall fight in the fields and in the streets, we shall fight in the hills; we shall never surrender (...)"

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