O papel da religião nas diferentes sociedades do mundo é algo muito controverso, e foco de discussão permanente entre crentes, crentes pela laicidade, ateus e ateus “protestantes”. Pessoalmente penso enquadrar-me na terceira opção, pois embora seja bastante sensível aos argumentos daqueles que se dizem ateus “protestantes”, nem sempre me revejo nas suas conclusões fundamentalistas, partilhando, por isso, na maioria das vezes do ponto de vista daqueles que se dizem crentes pela laicidade.
Contudo, gostaria de transcrever uma citação de Heirich Heine, que introduz o quarto capítulo de Deus não é grande, de Cristopher Hitchens, antes de proceder a uma reflexão profunda sobre este tema.
Nas eras de trevas, as pessoas são mais bem guiadas pela religião, do mesmo modo que numa noite escura como breu um cego é o melhor guia; ele conhece melhor as estradas e caminhos do que um homem que vê. Porém, quando o dia nasce é um disparate usar cegos idosos como guias.
A religião e a imagem de deus é para mim, sem dúvida, uma criação do homem. Aliás, basta ver a multiplicidade de crenças que existem por este vasto mundo fora, para constatarmos mais firmemente que deus não fez o homem à sua imagem, mas foi o homem que fez deus à sua imagem. Não nego contudo, nem tento contrariar a tendência do homem para acreditar e fazer fé na existência de algo transcendente à nossa tão real e assustadora existência, e por isso depositar as suas responsabilidades num suposto ente superior. Contudo, também é impossível negar, pela existência de factos históricos, que esta opção, aliou e alia a si uma falta de moderação e incompreensão pela liberdade individual, que gerou sociedades despóticas, do mais abominável e fundamentalista que o ser humano viu e vê até hoje. E não é de todo necessário recuar até à santa inquisição, basta-nos relembrar os contínuos massacres no Médio Oriente, a repressão das sociedades islâmicas sobre as mulheres, os atentados do IRA, entre outros, para mais uma vez provar que o homem faz deus à sua imagem.
No entanto, vivemos em Portugal, uma sociedade que foi varrida pela repressão da santa inquisição, mas que nos dias de hoje é tolerante. O papel da Igreja em Portugal foi fundamental para colmatar as falhas que o centralismo impôs e impõem ao país, desde 1143, isto é, o acesso à educação e alguns valores morais e éticos estruturantes de uma qualquer sociedade, mas também a assistência de cuidados de saúde, como ainda hoje preconizam as várias Misericórdias. A Igreja teve um papel importante na formulação da nossa identidade cultural, e apesar de presa na teia do Vaticano, a Igreja portuguesa é hoje motivo de orgulho nacional, e um exemplo internacional pela sua moderação e modernização (recordemo-nos das vezes que alguns bispos, e especialmente o cardeal patriarca têm sido chamados à atenção por querem acompanhar em demasia a contemporaneidade).
Mas aqueles que se dizem crentes precisam de dar um salto espiritual, e abandonar um pouco do fundamentalismo existente nas suas crenças. Admito que é possível acreditar no evolucionismo, na teoria heliocêntrica e compreender um acelerador de partículas sem propriamente estar a pecar. A bíblia, o alcorão, ou qualquer outro livro sagrado, tem de ser encarados enquanto obras literária e não uma narração de factos. Pois à custa desta má interpretação a religião continua a ser responsável pela morte de milhares de seres humanos, não só através da guerra, mas através do apelo insistente à ignorância, e refiro-me, por exemplo, ao preservativo, afinal de contas quantas mulheres e homens morrem no mundo, por causa da ignorância da religião relativamente a esta questão. Mas não só, relativamente à oposição que muitas vezes fazem contra campanhas de vacinação, especialmente em África, alegando ser contra a vontade de deus ou conspirações do ocidente. Isto já para não falar de alguns rituais que atentam contra a saúde.
Que diferença faz afinal matar milhões de pessoas através de palavras ignorantes, proferidas por alguém que se diz representar deus, ou os atentados do 11 de Setembro ou do IRA? É o horror?
Defendo, como sempre defendi, que o individuo deve ter liberdade para escolher, e acreditar no que quiser, conquanto não interfira na liberdade de terceiros. Pois, parece que afinal somos nós ateus que damos o verdadeiro valor à vida, talvez por constatarmos que esta é curta de mais, sem precisarmos de um livro que nos indique o que fazer, um outro ente em quem depositar as nossas responsabilidades humanas, ou viver entre o medo do céu e o inferno. Somos os responsáveis máximos das nossas acções, acreditamos em valores mínimos e absolutos de ética e moral, conquanto o resto seja relativo, pois não acreditamos no relativismo despótico da religião.
Ontem tive oportunidade de ver excertos da intervenção do Primeiro-ministro, durante o debate quinzenal, e do ministro Miguel relvas, durante a comissão de inquérito. Apesar de Miguel Relvas ser Miguel Relvas, fiquei com a ideia de que realmente nada tem a ver com este caso das Secretas. Primeiro pela forma sólida, como ia respondendo às perguntas, muitas das vezes formuladas num tom inquisitorial; segundo porque me parece difícil que Pedro Passos Coelho comprometesse o seu governo e a sua palavra com este caso.
No entanto, a forma como Miguel Relvas respondia às perguntas, acusando um certo nervosismo, inerente, certamente, à pressão das mesmas, que punham em causa o seu bom nome, mais todo este caso que já fez dele um ministro “semi-morto”, poucas dúvidas me deixou quanto às ameaças que supostamente fez à jornalista do Público. E este sim parece-me ser o único ponto em que Miguel Relvas tem culpa, mas que teve a oportunidade de se refugiar por ser a sua palavra contra a da jornalista, para além de em todo este caso este parecer inequivocamente algo menor.
Contudo, penso que a comissão de inquérito e a comunicação social estão a fazer sobre este caso uma investigação condenável e vergonhosa, prendendo-se apenas a factos interessantes para a política cor-de-rosa. Pois, do que este caso das Secretas trata é algo muito mais grave do que os sms de Miguel Relvas, esta é pois uma guerra empresarial entre o grupo Impresa, de Francisco Pinto Balsemão, e a Ongoing, de Nuno Vasconcellos, que detém uma posição significativa na Impresa, e cujas relações pessoais são difíceis por motivos empresariais. Até aqui tudo é legítimo. Deixa-o de ser quando um antigo director do SIED, nomeado pelo governo socialista, e ex-administrador da Ongoing, Jorge Silva Carvalho, usa serviços da República para produzir dois relatórios sobre um jornalista do grupo Impresa, Ricardo Costa, e o empresário e fundador de uns dos principais partidos responsáveis pela democracia portuguesa, Francisco Pinto Balsemão.
Assim, importa não só averiguar, como isto foi possível, como esclarecer a nublosa que envolve esta empresa, Ongoing, que constantemente se vê envolvida em escândalos, como foi o da compra da TVI, que ficou famoso não só pelo alegado plano do anterior governo de controle da comunicação social, mas também pela intervenção do ex-deputado Agostinho Branquinho, na comissão de inquérito, que afirmou que ninguém sabia o que fazia essa empresa, a Ongoing, mas dois meses depois foi para lá trabalhar.
Está por isso claro que o comportamento do bloco central será impreescindivel para o apuramento de toda a verdade neste caso. Isto para não falar de que loja maçonica faz parte cada um dos intervenientes neste caso.
Miguel Relvas é o ministro da máquina, o gangster, como lhe preferem chamar os partidos de esquerda. Foi com o seu forte contributo que Pedro Passos Coelho foi eleito presidente do PSD, e posteriormente Primeiro-ministro. Assim, numa primeira fase apenas precisou de lidar com algumas figuras partidárias, mas agora enquanto ministro o espirito das negociatas não basta.
E não bastou, porque não foi preciso sequer um ano para que se espalhasse ao comprido. Primeiro o caso das Secretas, e agora no seu seguimento as pressões sob a jornalista do Público. Ora já todos sabemos que deixar Miguel Relvas lidar com a comunicação social, é o equivalente a colocar Strauss-Khan e uma camareira no mesmo quarto de hotel, ou seja, dá asneira!
Contudo, o mais preocupante não é isso, ou melhor, será se Passos Coelho não lhe passar uma guia de marcha. Mas, o que realmente me aflige é ver os militantes do PSD e CDS que foram tão críticos, e com razão, em relação às alegadas pressões do anterior governo sob a TVI, virem agora com paninhos quentes tentar desdramatizar esta questão.
Num governo democrático é inadmissível existirem pressões sob os membros da comunicação social, e se o ministro lida mal com a pressão das perguntas, então é mais que óbvio que não serve para o cargo! Esta é uma excelente altura para Passos Coelho demonstrar a sua coragem e livrar-se destes “polvos” partidários.
Em Março do ano passado tive o prazer de estar presente num jantar/debate com o Eng.º Carlos Pimenta, onde se debateu a política energética a seguir no futuro. Em contracorrente à defesa das energias renováveis, defendidas pelo Eng.º Carlos Pimenta, o Eng.º Mira Amaral, uma semana antes, durante uma Assembleia Distrital de Viana do Castelo, no âmbito da revisão do programa do PSD, defendia a implementação do nuclear em Portugal.
Relembro dois pontos que na altura foram para mim de extrema importância:
A política seguida pelo então governo socialista, não tinha por base reduzir a importação de petróleo, mas tão-simplesmente dar continuidade a um projecto que representa 96% de incorporação nacional. Isto do ponto de vista político é óptimo, mas não é tão positivo assim, como se fez crer, do ponto de vista económico, isto é, os restantes 47% de produção eléctrica nacional então só poderão ser produzidos através de centrais de carvão ou gás, deduzo que importados.
Assim, relembro a questão do nuclear, mas desta feita com um pequeno enquadramento histórico. A Segunda Guerra Mundial, e os respectivos bombardeamentos nucleares, em 1945, de Hiroxima e Nagasaki, introduziram uma nova Era, a Era Nuclear. Uma nova ordem mundial foi necessária para controlar a ameaça constante que representa a bomba nuclear. Contudo, os programas nucleares continuaram a ter uma aplicação civil, mas com a catástrofe de Chernobyl, em 1986, os países europeus, e muito pela luta dos partidos ecologistas europeus, começaram a optar por desactivar as suas centrais.
Contudo, nos 26 anos seguintes à catástrofe, em Chernobyl, a discussão em torno do aquecimento global é hoje uma das grandes preocupações das principais potências mundiais, culminando em sucessivas cimeiras e tratados, sem qualquer tipo de efeito prático. E com abolição dos seus programas nucleares, a maioria dos países europeus voltou a utilizar combustíveis fósseis para a produção de electricidade, por ser claramente impossível subsistir com apenas energias renováveis. Assim, e mais uma vez, a questão do nuclear volta para cima da mesa, e desta feita pelos melhores motivos, hoje em dia já muitos partidários dos partidos ecologistas defendem a opção nuclear, por esta não emitir gases de efeito estufa. A Finlândia, por exemplo, cerca de 20 anos depois de ter desligado o seu último reactor nuclear, voltou recentemente a optar por esta opção.
A Europa ao voltar a optar pelo nuclear terá, no entanto, uma dupla vantagem. Nesta nova ordem mundial, as principais potências são detentoras de fortes programas nucleares, com uma vertente claramente militar, tendo em vista os seus interesses geopolíticos. Falamos hoje em dia, não só de Estados Unidos e Rússia, mas também a China, Índia, Brasil, Paquistão e Irão. A opção da Europa por uma estratégia geoeconómica, conforme preconiza a própria EU, não foi uma ideia mundialmente aceite por todos, e por isso, importa agora que a Europa recupere o seu lugar no Mundo, fazendo-se respeitar e protegendo os seus próprios interesses e a paz mundial.
A educação em Portugal nunca foi um capítulo de particular orgulho nacional, mas na última década foi invadida por uma vaga de suposta modernidade sem precedentes. O sentido de dever para com as futuras gerações nunca foi preocupação, nem dos governos, nem dos sindicatos. Mais uma vez deu-se continuidade a uma cultura que não tem sensibilidade para com o sentido de dever, na formação dos jovens, mas tão-somente na defesa dos seus próprios interesses, colidindo frontalmente com a liberdade de terceiros, que constitui o direito à educação.
A escola portuguesa do século XXI necessitava sobretudo de uma ampla reforma ao nível das disciplinas leccionadas, e dos seus respectivos programas. Contudo, perpetuaram-se as lutas entre governos e sindicatos sobre a avaliação dos professores, enquanto a avaliação dos alunos, essa continuou sempre por fazer. E mesmo do pouco que foi feito, foi mal feito, pois nunca se chamaram os principais responsáveis da educação para encabeçarem um processo de reformas, apenas supostos especialistas que nunca leccionaram, e que em nome do progresso e pelo progresso nunca admitiram os erros das suas experimentações.
O Ministério da Educação nunca teve coragem, de abdicar do seu poder central, e redireccionar as suas constantes reformas para uma educação mais livre, e consequentemente concorrencial de forma a elevar de modo natural a qualidade do ensino. Um ensino livre que enquadre as tradições locais e progrida através de uma interacção entre tradição e mudança, mas também um ensino em que a família possa escolher qual a instituição de ensino em que deseja educar os seus filhos.
Igualmente importante, será introduzir um novo método, que longe de ser contra a especialização, requerida pela realidade dos dias de hoje, contribua para uma sociedade de indivíduos educados, com um intelecto cultivado, uma atitude nobre e cortês na condução da vida. Como? Talvez através de uma base comum e nuclear, no ensino básico e superior, onde fosse acentuada a prática do desporto, e sobretudo dado a conhecer aos alunos as grandes obras, cultivando assim o gosto pelo desporto e as artes, de forma a estes compreenderem o passado, e saberem influenciar o seu futuro.
Durante a semana passada dediquei o meu tempo livre a ler dois livros de Eric Arthur Blair, escritos sob o pseudónimo de George Orwell, são eles duas das suas obras mais importantes: O Triunfo dos Porcos e 1984.
Começo pelo primeiro. Sem dúvida um dos melhores livros do século XX, pela simplicidade e imaginação da crítica ao regime soviético. A sátira recorre à figura de animais para narrar uma história de traição, onde é executada uma revolução contra o dono da Quinta Manor, Jones, em prol de um sonho onde “todos os animais são iguais” e têm melhores condições de vida. Contudo essa revolução viria a ser traída, passando no fim a serem “todos os animais iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”. E neste ponto, na minha opinião, é nos possível estabelecer algumas analogias com os porcos, classe descrita como mais inteligente e que, portanto, assume o controlo da revolução. São elas: Snowball – Leon Tróski, e Napoleão – Estaline.
Quanto a Nineteen Eighty-Four, este romance narra a história de Winston Smith, em Londres, agora na Oceânia, algures por volta de 1984. Nesta obra é apresentado um cenário de ficção política e social, onde é descrito o dia-a-dia de um regime totalitário, em que o Partido e o Estado se confundem à semelhança dos regimes soviético e nazi. Poderíamos mesmo dizer, de modo algo abusivo, que é uma transcrição prática do Contrato Social, de Jean-Jacques Rosseau. Onde o individuo abdica da sua liberdade para o bem comum, e deste modo torna-se tão livre quanto os outros. Contudo, aqui mais uma vez alguns são mais iguais do que outros, e na estratificação da sociedade, temos os membros do Partido Interno, que usufruem de luxos inacessíveis e puníveis aos membros do Partido Externo, funcionários do Estado e/ou Partido, e os proles, população em geral, descrita como irracional e, por isso, invejados pelo personagem principal.
O Partido, regido pelo Grande Irmão (Big Brother), controla o passado, alterando conforme lhe convém a história, e com isso condiciona o presente e futuro, obrigando cada individuo a acreditar noutra realidade e se preciso o seu contrário, um processo descrito por «duplipensar». Simultaneamente, apresenta uma nova língua, quase que matemática, e que em si mesmo impede a crítica e aumenta o controlo sobre o livre pensamento e a critica, descritos muitas vezes como «crimideia».
Além disso, neste mundo de Orwell, seria possível vigiar cada individuo através de uma «teletela», e abdicação da sua liberdade chega ao ponto, em que por enquanto o casamento apenas serve para procriar, pelo Partido, mas num futuro até isso será impedido pelo partido, bastando a inseminação artificial, para impedir ainda mais qualquer emoção humana.
Estes dois livros são a meu ver de maior importância nos dias de hoje, pois o seu fácil entendimento permite-nos perceber um pouco do que foi o regime soviético, a reacção à morte de Kim Jong-il, e o quanto os regimes totalitários podem deformar o núcleo indivisível de cada individuo, que é a sua liberdade. Portanto, querer encetar por vias radicais conforme demonstram alguns resultados eleitorais na Europa do século XXI, não é apenas errado, é falta de respeito pela história daqueles que deram a vida por uma Europa livre de regimes totalitários.
Finalmente chegou o meu Kindle Touch. O Kindle é a linha de eReaders da Amazon, que recentemente disponibilizou, para além do Kindle e Kindle Keyboard, o Kindle Touch e o Kindle Fire (um Tablet) para a Europa.
Estes eReaders, com a excepção do Kindle, são dotados dum ecrã E Ink Pearl, isto é, tinta electrónica que faz deste ecrã uma autêntica folha de papel. Ao contrário dos LCD que com a sua retroiluminação secam os olhos, e que após um período extenso de utilização provocam alguma irritação nos olhos. A tecnologia E Ink permite um maior conforto durante longos períodos de utilização, acarretando no entanto a desvantagem de não ter a versatilidade dos convencionais LCD.
Para mais informações: http://www.amazon.com/gp/product/B005890G8Y/ref=famstripe_kt
Perante o actual cenário de crise, a loja maçónica é certamente, pelos dias de hoje, uma das com maior sucesso. A maçonaria ficou recentemente mais conhecida aos olhos do público através da polémica em torno do ex-director dos Serviços de Informações Estratégicas e Defesa (SIED). Não sendo, pelo menos nos dias de hoje, uma “organização” secreta tenta pelo menos manter-se discreta.
Maçonaria em Portugal e Espanha
Em Portugal são reconhecidas três obediências Maçónicas: o Grande Oriente Lusitano, a Grande Loja Regular de Portugal e a Grande Loja Legal de Portugal. No entanto, existem outras Grandes Lojas, consideradas “irregulares”, mas penso que com pouca expressão. Sendo o Grande Oriente Lusitano a mais antiga obediência maçónica, fundada em 1802, onde sob o seu auspício trabalham lojas que praticam o Rito Escocês Antigo e Aceite e o Rito Francês.
Ao que parece a acção maçónica teve em Portugal uma importante influência na revolução liberal, abolição da pena de morte e na implantação da República. No entanto, durante o Estado novo viria a ficar com os seus bens confiscados e o Palácio Maçónico ocupado pela Legião Portuguesa. Com o 25 de Abril, ao qual a organização a trabalhar na clandestinidade não foi de todo alheia, teve de volta os seus bens.
Em Espanha, durante a ditadura do general Francisco Franco, a maçonaria foi perseguida e fortemente reprimida a par do comunismo, através da Lei de Repressão da Maçonaria e do Comunismo, ratificada em 1940. O Tribunal Especial para a Repressão da Maçonaria e do Comunismo deu ordem a um grande número de perseguições, capturas e prisão dos sentenciados. O motivo da não-aceitação de Franco na maçonaria é um dos fundamentos apontados para a sua obsessão doentia.
Assim, algumas das mais importantes reuniões da Associação Maçónica Internacional (AMI) tiveram lugar no Estoril e em Cascais, residência de Don Juan de Bourbon, pretendente ao trono de Espanha durante o regime do general Francisco Franco. A AMI reuniu os Veneráveis Mestres da maçonaria de todo o mundo, em muitos casos personalidades da esfera política, filosófica, académica, financeira, militar e económica.
Pelo que vemos a maçonaria em Portugal não é algo tão insignificante como às vezes os próprios maçons querem fazer parecer com a sua descrição. No entanto, imagens como…
A estas operações ilegais estava envolvida a loja Propaganda Due (P2), criada pelo Venerável Mestre, Licio Gelli, que combatera ao lado de Franco, enviado por Mussolini, e que fora informador da Gestapo durante a 2ª Guerra Mundial, mantendo mesmo contactos com Hermann Goering. Contudo, depois da guerra viria a aliar-se à CIA, e juntamente com a NATO deu cobertura à Operação “Gladio”, uma rede, um stay-behind, estabelecido em Itália (e noutros países), que deu origem a um governo sombra, com o objectivo de evitar uma possível ameaça soviética, e provavelmente culminar com um golpe de Estado, mas que a bancarrota do Banco Ambrosiano deitou por terra.
A P2 foi portanto uma operação levada a cabo pela CIA, tendo-se tornado, entre 1965-1981, na loja mais poderosa de Itália, com um enorme trafego de influências e poder. Numa lista publicada pela presidência do Conselho italiano, em 1981, após o escândalo financeiro, constava o nome de 38 membros do parlamento, 30 generais, 4 ministros, ex-ministros, chefes dos serviços secretos, jornalistas, 15 banqueiros (relacionados com o Banco de Itália, Banco dei Roma, Banco Ambrosiano, Banco Commerziale Italiana, Banco dei Lavoro, Banco da Sicília), magistrados, professores universitários, o presidente da Federação de Futebol e Silvio Berlusconi, futuro primeiro-ministro de Itália. Tudo fazia parte de um amplo plano para condicionar o processo político italiano.
Conclusivo foi também a infiltração da maçonaria no Vaticano. Estudiosos indicam mesmo a existência de dois grupos dentro do Vaticano: um ao qual é dado o nome de “maçónico-curial” e a Opus Dei. No meio de tudo isto, o papa falecera, e o seu sucessor, João Paulo I, viria a falecer aos trinta e três dias do seu pontificado de forma tão misteriosa que nenhum médico quis assinar a certidão de óbito de acordo com o que lhes era proposto.
Agora, sobre a maçonaria e o seu papel e influência no mundo caberá a cada um tomar a sua opinião…
A Alemanha, 67 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, retoma os seus ímpetos “expansionistas”. A vontade de Angela Merkel para que a Grécia abdique da sua soberania orçamental é absolutamente lamentável e perigosa. Contudo, conta com a incompetência cooperante de Nicolas Sarkozy, o actual Marechal Pétain, e a despreocupação de David Cameron, enquanto Neville Chamberlain.
Assim, a Europa à semelhança de outros tempos conta com uma França subserviente às políticas alemãs, mas desta vez com uma Grã-Bretanha isolada e afastada dos problemas da Europa.
Austeridade tem sido a receita ditada por Berlim para manter os seus quintais europeus. E as sucessivas Cimeiras em Bruxelas não passam de meros paliativos, por isso mesmo.
Ao que a Portugal diz respeito, e concordando que a crise estrutural que assola o país, contribuio de forma dramática para a actual situação, começa a parecer obvio que necessitaremos de um segundo resgate. Mesmo que Passos Coelho insista que não, isso já não depende dele, nem da sua boa vontade.
A crise do Euro culminará invariavelmente numa catástrofe…
O Estado de graça do actual governo PSD-CDS/PP começa a diluir-se nas águas pantanosas da partidocracia em que o sistema político português habita. Submerso nestas águas o Estado tentacular demonstra a sua agilidade, mesmo que ultimamente disfarçado num manto de mudança.
A TDT…
Comecemos por questões de aparência banal, como a TDT, para ir demonstrando a influência que o Estado pode ter sob as antigas empresas públicas. Uma pequena explicação sobre a TDT:
“A Televisão Digital Terrestre representa uma mudança que acontecerá em toda a União Europeia e que, na prática, permite a quem usa os serviços gratuitos de televisão continuar a receber os quatro canais de que já dispõe, com melhor qualidade de som e imagem e um guia electrónico de programação.” (Fonte: tek.sapo.pt)
Esta transição do sinal analógico para o sinal digital começou por mão do anterior governo, e foi agora inaugurado pelo ministro Miguel Relvas, no passado dia 12 de Janeiro, com o desligamento do emissor na zona de Palmela. No entanto, todo o processo é bastante característico, Portugal tem a mais pobre oferta de TDT da Europa, pois para além da grelha electrónica, da melhor qualidade de som e imagem, a TDT visava proporcionar uma maior oferta de canais para além dos 4 actuais. Obviamente, os “interesses económicos” do grupo Impresa, MediaCapital e da própria RTP não foram indiferentes a este novo paradigma de Televisão, e a TDT permaneceu fechada para os 4 canais. Adicionalmente, se repararmos bem, na base, e se houvesse uma maior oferta de canais, o serviço de TDT seria aproximado dos serviços da Meo e ZON, e no actual cenário de crise e perante a gratuitidade do serviço, seria a opção de muitos portugueses. Mas mais uma vez os interesses privados sobrepuseram-se ao interesse público, incapacitando o total aproveitamento das infra-estruturas que foram pagas com dinheiros públicos.
Como se tudo isto não fosse já suficiente, achou-se por bem entregar o “ouro ao bandido”, atestando simultaneamente que o regulador, a ANACOM, não serve para nada, ou seja, o Estado delegou à PT a responsabilidade das alterações. Sendo o Meo um serviço comercial da PT, os vendedores do serviço Meo passaram a lucrar nos últimos dois anos de uma arma comercial fortíssima e que já lhes valeu milhares de contratos.
Nomeações para CGD e EDP
O regresso de “Jobs for the boys” parece que também veio para ficar no sector laranja. Aliás, as movimentações partidárias e autárquicas durante quase 10 anos fora do governo já o faziam prever. Durante o Verão que antecedeu à rentrée política os “boys” do PSD e CDS/PP pareciam os cães das experiências de Pavlov. No entanto, desta feita estes não salivavam sobre o OE, pois desse pouco já resta para o saque, restava então o SEE.
Ocasionais, portanto, foram as nomeações de Nogueira Leite e Rui Machete, e de Eduardo Catroga, Celeste Cardona, Teixeira Pinto, Rocha Vieira e Braga de Macedo para a EDP, se bem que este último caso seja apimentado pela influência que o Estado pode exercer sobre aquilo que já não é seu.
Desde a primeira hora ao lado de Pedro Passos Coelho, afirmando que apenas lutavam por um projecto de ruptura com as políticas do Eng. Sócrates, nada melhor que uma prateleira dourada para recompensar as fotografias que tiraram juntos.
Porto, 17 de Setembro de 2011
Ao nível interno do partido, já é tempo de pôr ponto final a Alberto João Jardim. E Pedro Passos Coelho é o líder mais indicado para isso, ao contrário de alguns antecessores não será nunca persona non grata, uma vez que não dependeu do PSD/Madeira para ser eleito presidente do partido, e tem agora uma clara justificação para retirar toda a confiança política a Alberto João Jardim. O resultado do caciquismo indolente de outros líderes sociais-democratas está agora à vista de todos e traduz-se na imensa falta de respeito que o Governo Regional da Madeira têm e teve para com todos os portugueses que actualmente fazem enormes sacrifícios para suportar esta carga fiscal asfixiante. Ontem foi anunciado mais um buraco nas contas da madeira, desta vez são 1.68 mil milhões que custarão 160€ a cada português. Nesta matéria é obrigatório que o Governo da República proceda com coerência e independência, pois será fundamental para não abalar (demasiado) o caminho de credibilização que o governo e o país atravessam perante as instituições internacionais.
Os eleitores do continente não querem certamente, e já há muitos anos, pagar a factura destes mandriões do Governo Regional da Madeira. Pelo que têm de ser os madeirenses os primeiros a serem responsabilizados pelas suas escolhas políticas e sofrer as consequências desta má gestão, por si convenientemente sufragadas, para dar continuidade ao forrobodó que o continente sustentou durante décadas na região autónoma da Madeira.
Para finalizar e voltando ao nível interno, repúdio a forma as estruturas do PSD e JSD aguardam pacificamente a actuação do governo, para saber o que podem fazer, quando são tão rápidas a criticar a oposição. Criticavam o PS e a JS, e logo nos primeiros meses já estão iguais? O Partido não tem opinião? Vamos ser a carneirada do governo?
Porto, 13 de Setembro 2011
Há pouco menos de um mês estava no aeroporto John Lennon a ver o sorteio da Liga dos Campeões, e simultaneamente um bando de benfiquistas comentava que o Porto não teria a mínima hipótese neste grupo. Obviamente que vindo de apoiantes de um clube que afirmou que em 2011 seria um dos grandes colossos europeus, não é para levar a sério. E cá está, vitória caseira por 2-1 contra uma das equipas mais fortes do grupo, o Shakhtar Donetsk.
Mais um registo positivo do Porto esta época, mas que notoriamente ainda não é suficiente para Vítor Pereira arriscar uma solução táctica sem trinco. O ponto fraco deste Porto, à semelhança da época passada, é a defesa, ainda falta alguém que comande a defesa. Destaco ainda a excelente exibição de "El Bandido".
Porto, 5 de Setembro de 2011
The Cavern Club é um clube de Rock&Roll, situado em 10 Mathew Street, na histórica cidade de Liverpool. Alan Sytner abriu o clube, em 16 de Janeiro de 1957, inspirado num clube de jazz dos arredores de Paris, o Le Caveau. O aspecto do clube combina perfeitamente com o nome, uma vez que este foi usado como abrigo antiaéreo durante a guerra.
A lendária banda The Beatles teve a sua primeira actuação, no Cavern, a 9 de Fevereiro de 1961, fazendo do Cavern o clube mais famoso do mundo. Fica o vídeo…
Porto, 5 de Setembro de 2011
Após os confrontos do mês passado em Inglaterra, a coligação de governo discute internamente as soluções de futuro para este problema que se revelou a juventude inglesa. Uma juventude rebelde, sem regras, violente em alguns casos, sem emprego e dependente do Estado, é o problema que o governo de David Cameron e Nick Clegg tem para resolver.
Contudo, esta coligação de liberais e conservadores foca a origem do problema em dois pontos distintos. Os conservadores na escola, defendendo mais disciplina nas escolas; e os liberais nos pais, enquanto agentes educativos em comunhão com a escola.
Actualmente, em Inglaterra se um aluno faltar às aulas sem justificação os pais podem ser multados, e caso venham a falhar o pagamento poderão mesmo cumprir pena de prisão. No entanto, esta medida não funciona porque muitos pais recusam-se a pagar e os tribunais não os condenam à pena de prisão. Acontece então que muitos desses pais recebem um subsídio pago por muitos dos contribuintes que sofreram as consequências dos motins provocados pelos filhos destes.
Sendo portanto mês de Setembro, tempo de reentré, e com a colocação de professores, inicio do ano lectivo e a avaliação dos professores ainda pendente, muito por causa da má vontade dos sindicatos, nomeadamente a FENPROF. A educação será naturalmente tema de debate nos próximos dias. Felizmente a nossa juventude não partilha do mesmo espírito de violência dos ingleses, mas partilha muitos dos maus hábitos referidos anteriormente, existe, no entanto, uma diferença significativa no tratamento desta questão. Enquanto em Inglaterra já concluíram que o problema ou está nas escolas, e consequentemente nos professores, ou nos pais, ou em ambos; em Portugal só sabemos que a culpa é dos alunos, porque temos dois tipos de santos: os professores, que diariamente são santificados pela classe política e respectivos sindicatos; e os pais.
Porto, 11 de Agosto de 2011
Em Novembro de 1910, teve lugar uma greve dos mineiros galeses do vale do Rhondda, dando origem a uma série de desacatos e roubos, os quais a polícia local não conseguiu controlar. Winston Churchill, Ministro do Interior, intercedeu pessoalmente e restaurou a calma e ordem, através da intervenção do exército, posto de prevenção nas proximidades. Contudo, este episódio perseguiu a sua longa carreira política, conhecida pela moderação, diálogo, mas sobretudo pela persecução incansável pela liberdade, que o distinguiu de todos os outros seres humanos do século XX.
Os confrontos que Inglaterra tem vivido nestes últimos dias destacam-se, e muito, deste episódio anteriormente referido. A falta de motivos que lhes estão associados é uma novidade preocupante, porque o vandalismo só é surpreendente pela quantidade de jovens que nestas acções têm participado, a cultura de hooliganismo não é propriamente novidade.
A Europa sabe que deve à Inglaterra a democracia ocidental e a mera possibilidade de ela existir, mas o país de Edmund Burke, Winston Churchill e Margaret Thatcher, sofre também as consequências de uma sociedade doente, de um Estado Social que deu a conhecer ao mundo a impiedade da terceira geração que não conhece o trabalho, e que 70 anos após a última bomba da Luftwaffe, pôs Londres novamente debaixo de fogo. A polícia, sem “sangue, suor e lágrimas”, não teve meios para reagir aos motins, e David Cameron agiu tardiamente, ficando apenas patente a falta de poder dos decisores locais para actuar nas primeiras horas.
Concluio que assistimos a convulsões sociais muito sérias e que nos relembram os momentos mais negros da humanidade. A crise mundial e estas novas práticas de exercer a revolta têm espantado a Europa, e fazem-nos temer o pior.
Redes Sociais
Mais uma vez é admirável o papel que as redes sociais têm tido durante os confrontos, com destaque para o número de movimentos que proliferam em prol da defesa da cidade de Londres, invocando o famoso ‘Blitz spirit’.
Contudo, a falta de perspicácia ou ignorância dos Estados em relação às potencialidades das redes sócias é muito preocupante. Parece que nada aprenderam com a revolta no Irão, Egipto, Líbano, Tunísia e Síria, e continuam sem perceber que estas ferramentas são usadas pela facilidade de acesso às pessoas, jovens em geral, e a falta de controlo, ou o difícil controlo, é favorável a acções criminosas.
Porto, 8 de Agoste de 2011
O Google+, ainda apenas acessível por convite, conta já com 25 milhões de utilizadores. Esta nova tentativa social da Google parece ser uma aposta para durar, depois do fracasso que foi o Google Buzz e Wave. A Google desta vez apresenta uma rede social mais privada do que a rival Facebook, apostando nos Circles, que permite juntar amigos e definir quem pode ver o quê; Sparks, “providencia uma corrente de conteúdo de acordo com os nossos interesses”: Hangouts, encontros de videochamadas com várias pessoas; e Huddle, “uma experiência de messaging que permite a todos de um determinado círculo saber o que se passa ao segundo”.
Mas apesar das suas características que não são propriamente inovadores face às actuais do Facebook, que acaba também de lançar um serviço de videochamada em conjunto com o Skype, o Google+ poderá ter toda a própria Google a seu favor, ou seja, o nosso e-mail é Gmail, pesquisamos no Google, vemos e partilhamos vídeos no Youtube, consultamos mapas no Google Maps, escrevemos no Blogger, e ainda por cima usamos todos estes serviços no nosso telemóvel que usa Android.
Para além disso caminhamos uma “nova fronteira da era digital”, a computação em nuvem, com a vantagem de utilizar softwares sem que estes estejam instalados no computador, e acessíveis à distância de uma ligação à Internet. Na sua maioria serão gratuitos e poderemos depositar numa nuvem computacional os nossos ficheiros, e aceder a eles de qualquer parte do mundo. Obviamente, a Google é uma das empresas pioneiras, que já tem um conjunto de serviços a seu favor, e que continuará a desenvolver através do Google Chrome OS, para Chromebooks.
Ou seja, face a este crescente monopólio é muito provável que seja inevitável agruparmos as nossas necessidades, usando apenas o Google. Mas felizmente no mundo online nada é certo…
Uma nota destaco já neste Google+, o facto de ter bloqueado às empresas, como foi o caso da RTP e Publico, o acesso a esta rede social, justificando que irá criar uma apenas para empresas. A aposta na privacidade tem sido um factor + face ao Facebook.
Porto, 7 de Agosto de 2011
Durante esta semana a deputada do PSD, Joana Barata Lopes, protagonizou, penso que em nome do grupo parlamentar do PSD, um momento bastante delicado e porventura o mais negativo desta legislatura. Durante a audição do presidente do INEM, no Parlamento, a deputada assumiu que o grupo parlamentar fez uma chamada falsa para o 112 para testar a rapidez de resposta do serviço nacional de emergência. De imediato o assunto provocou indignação entre os parlamentares, por constituir, segundo alguns deputados e o presidente do INEM, um ilícito e eventualmente um crime. Mas prontamente o grupo parlamentar justificou o acto, como sendo um teste, feito por um deputado da Nação.
Desde logo esta avaliação deve ser feita por uma entidade independente, cabendo simplesmente à Assembleia da República avaliar esses mesmos resultados. Contudo, o grupo parlamentar do PSD, neste caso específico, não acautelou os meios para atingir os fins, pelo que sai deste caso com uma imagem bastante negativa, e meritória de uma forte reprimenda do Conselho Nacional do partido. Pois, tenho sérias dúvidas que este caso fosse possível sob lideranças recentes, como a de José Pedro Aguiar-Branco, Paulo Rangel, e até mesmo Miguel Macedo.
O PSD tem que ser muito crítico com os seus próprios erros, não podemos ter uma bancada parlamentar que comete erros perfeitamente infantis e desnecessários. Não podemos desviar a atenção dos portugueses para assuntos perfeitamente secundários. Com erros de palmatória destes descredibilizam a confiança no partido, e consequentemente no governo.
Porto, 1 de Agosto de 2011
A partir de hoje os transportes estão mais carros, depois de o Governo ter fixado em 15% o aumento médio nos preços praticados para os títulos dos transportes públicos, sendo que em alguns casos esse aumento é mais de 20%. Mas no que a nós, portuenses, diz respeito sabemos que:
Para quem utiliza o transporte público há pelo menos 8 anos, lembra-se que o título Z2 custava 80 cêntimos e o Agente único (1 viagem T1) por volta de 1,10€, ou menos, isto é, em 8 anos houve respectivamente um aumento de 30 cêntimos (60 escudos) e 65 cêntimos (130 escudos), nestes dois títulos.
Perante este cenário cabe portanto esclarecer qual é e será realmente a nossa política de transportes públicos, ou seja, pretendemos reduzir o número de automóveis nas grandes cidades, para descongestionar os principais acessos e sobretudo diminuir o grau de poluição destes centros urbanos, ou pretendemos ter apenas uma rede de transportes públicos para as classes sociais mais desfavorecidas. E mais, para qual destes caminhos nos destinará uma futura privatização das empresas de transportes públicos?
É necessário esclarecer e redefinir a política de transportes públicos, porque esta incoerência e indecisão, apenas resulta em dois encargos para os portugueses, um através dos impostos enquanto contribuinte e outro enquanto utilizador destes meios de transporte.
Por último, e analisando uma situação que me é sensível, um trabalhador/estudante que receba mensalmente 237,5€, em regime part-time, e que viva, por exemplo, no Porto, mas necessite de transporte público para chegar ao seu estabelecimento de ensino ou local de trabalho, sabe a partir de hoje que mais de 9% do seu rendimento é para pagar o passe social, sendo que ainda poderá ter a seu cargo: propinas, com periodicidade trimestral, no valor de 250€ e o aluguer de um quarto que rondará os 150€ por mês. Com a ajuda do Estado cada vez mais diminuta e a impossibilidade que muitos pais têm em ajudar os filhos, muitos destes jovens ficarão afastados de um ensino que tendencialmente será para alguns e não para todos.
Porto, 28 de Julho de 2011
“We have become makers of our fate when we have ceased to pose as its prophets.” Karl Popper
Uma frase implacável de Karl Popper e que é muito cara a todos aqueles que de alguma forma procuram assumir responsabilidades na sua vida. Durante a nossa reflexão poderíamos até ficar um pouco perdidos na incerteza da vida, mas não vale a pena tal desassossego, se regermos o nosso dia-a-dia pela honestidade e coerência. Procurar o melhor da vida nem sempre é sinónimo de respeitar estas duas linhas orientadoras, que devem ser inabaláveis na maioria das acções quotidianas, mas esse é o preço a pagar para quem quer ter um passado, presente e futuro respeitável.
Infelizmente muito disso não é aplicado na nossa vida, mas mais preocupante se torna quando não é aplicado num meio que mexe com a vida de outras pessoas, como é a política. Colocar, por isso, interesses políticos à frente da coerência e honestidade, é motivo suficiente para derrubar qualquer tese de “mudança” a que sucessivas facções se autopropõem. Contudo, errar será sempre uma característica inerente a qualquer ser humano, enquanto algo não programável, e só o assumir da verdade e das responsabilidades pode colmatar essa quebra da linha da coerência e honestidade.
Da minha parte tudo faço para que o meu dia-a-dia assim seja, e enquanto membro desta sociedade e um pouco do sistema político, sempre orientei e espero continuar a orientar a minha conduta e ascensão por métodos verticais e não horizontais.
"The mood of Britain is wisely and rightly averse from every form of shallow or premature exultation. This is no time for boasts or glowing prophecies, but there is this—a year ago our position looked forlorn, and well nigh desperate, to all eyes but our own. Today we may say aloud before an awe-struck world, 'We are still masters of our fate. We still are captain of our souls.'"
—House of Commons, 9 September 1941
Porto, 21 de Julho de 2011
Agora que o PSD é governo começa a ser natural o desinteresse, ou melhor, a falta de tempo dos dirigentes do Partido para tratar de questões internas. Contudo, outra linha ficará a assumir essas responsabilidades, porque falta de bons quadros este Partido felizmente não tem, e por vezes poderá até ser o excesso que origina estas múltiplas e diversas lutas partidárias.
Espera-nos, por isso, um período de relativa acalmia partidária, essencial para montar os alicerces para um futuro que se prevê extremamente difícil para os portugueses. As bases têm portanto de ser trabalhadas desde já, uma pluralidade de eleições internas irão surgir, pelo que será da responsabilidade das respectivas facções procurar o consenso. Não uma paz podre, mas sim a identificação daqueles que melhor estão preparados para liderar as respectivas estruturas, e que contem com um currículo político marcado pela experiência política e profissional, e sobretudo o bom trabalho.
Assim, o Partido poderá partir para o próximo ano político com estruturas sólidas cruciais para rebater a contestação social, que se avizinha, e os abutres que dela se tentarão aproveitar. Ora, um bom líder político nos dias que correm tem de estar internamente associado sobretudo à mobilização, ou seja, unir os militantes e atrair aqueles que da política progressivamente se têm afastado. É por isso essencial que os nossos presidentes de núcleo encabecem estas características ou as procurem na sua actividade partidária, porque são eles quem mais de perto contacta com as bases.
Mas apesar de tudo isto não se pode desconsiderar o desempenho do governo. O governo tem sobretudo de praticar uma política coerente e honesta, sem espaço a romantismos de ar condicionados e funcionários sem gravata, ou seja, um governo que apareça pelos melhores motivos nos jornais e não na imprensa cor-de-rosa. Assim, preocupo-me mais com o trabalho real deste executivo, como a execução exemplar do memorando da troika, do que as mensagens que este quer enviar ao povo, com uma patética extensão aos mercados.
Porto, 20 de Julho de 2011
Se algo de interessante e diferente tiveram estas primárias do Partido Socialista foi a proposta de Francisco Assis de ter primárias abertas a todos os cidadãos. Uma proposta ousada e que tem vindo a ganhar força também nos enredos partidários do PSD. Mas que não passa de patetices de esquerda vanguardista ou direita populista, e que nutre o mais profundo desrespeito por aquele que é o maior direito de um militante, enquanto parte essencial e indivisível que é no seu Partido.
Assim, durante estas últimas semanas, Francisco Assis e outros subscritores desta medida, justificam-na enquanto uma aproximação dos partidos políticos à sociedade, ou seja, os cidadãos podem simplesmente escolher, dentro do partido que lhes apetecer, aquele que consideram como melhor candidato a Primeiro-Ministro.
Mas então para que serve ser militante de um partido?
Tenho para mim que se esta medida não é de conteúdo vago, vanguardista e populista, então é a aceitação de que os militantes sãos os “boys” dos partidos políticos ou que estes se ilibam de responsabilidades para se aproximarem dos cidadãos, e vice-versa. Embora o nível de romantismo destas medidas seja sempre elevado, espelha um velho fantasma de Rousseua.
Pessoalmente via com melhores a instituição de um Conselho Consultivo que dependesse o menos possível dos militantes e das respectivas Comissão Política ou Secretariado Nacional. Mas parece que isso não é suficientemente apelativo para a opinião pública. Sinceramente esta gente não percebe nada disto.
Porto, 15 de Julho de 2011
Não tenho acompanhado com muita atenção as directas no PS, mas o pouco que tenho visto deixa-me impressionado, não só pela profunda vacuidade do debate de ideias, que começa a assumir contornos preocupantes dentro dos dois maiores partidos portugueses, problema ao qual Pedro Passos Coelho foi muito sensível, como demonstrou através do GENEPSD e da composição do executivo.
Contudo, o que me deixa mesmo surpreso é o modus operandi do PS nestas suas eleições internas. Para ver se entendemos: António José Seguro foi dentro do próprio partido, nos últimos 6 anos, um perceptível opositor a José Sócrates, assumindo a linha mais esquerdista do PS, associou-se a figuras como Manuel Alegre e Ana Gomes. No entanto, em cenário eleitoral defende um novo ciclo, mas aparece rodeado por todo o “aparelho” de José Sócrates, que ele próprio tinha vindo a criticar até dia 5 de Junho. Por seu lado, Francisco Assis ex-líder parlamentar e ideologicamente mais próximo do PS de José Sócrates, o mais centrista desde 19 de Abril de 1973, aparece enquanto candidato “anti-apalhero”. Não entendo… mas parece que foi destapado um grande ninho de ratos no Largo do Rato.
Afinal quem está por detrás das agências de rating? Depois de ver esta pequena reportagem, só posso concluir que a falta de regulação resulta num condicionamento absurdo da liberdade dos mercados. Aqueles que se dizem liberais são os primeiros a temer os efeitos de um mercado com algumas regras, que assegurem primeiramente a sua própria liberdade. Como podem estas agências privadas classificar algo tão sério como são os Estados, sem sabermos os metodos que usam? Porque falham as tentativas de regulamentação? Pode a UE continuar sem reagir com uma agência europeia para defender os seus próprios Estados membros, equilibrando as forças e introduzindo mais concorrências neste sector? É óbvio que existe uma mão invísivel e extremamente viciosa a controlar os mercados.
Porto, 1 de Julho de 2011
Hoje o governo entrou em plenitude de funções, depois do programa do executivo ter sido discutido em plenário da Assembleia da República. No entanto, destaco a intervenção de Nuno Crato, Ministro da Educação, Ensino Superior e Ciência, que assumiu um discurso esclarecedor quanto às linhas gerais pelas quais se guiará o seu ministério. Obviamente, não adiantou nada de muito concreto, mas esta sua postura, que de resto é comum a todos os membros do governo, permitirá abrir ao diálogo com os parceiros, no que respeita à avaliação dos professores, matéria muito sensível nos últimos anos. Não será, portanto, fácil lutar contra esta força estatizante que são as federações sindicais ligadas ao ensino e afectas à esquerda parlamentar, pelo que a JSD, enquanto principal juventude partidária terá que dar todo o seu contributo, no parlamento, nas escolas, e até na rua se preciso for, a este ministério que será regido, certamente, com mão de ferro, e contra os dogmas ideológicos instalados no ensino português. Vamos por isso debater-nos para que a avaliação seja uma constante em todo o sistema de ensino; por provas de acesso à profissão, para serem seleccionados os melhores; por exames em todos os fins de ciclo, por um ensino mais rigoroso; por uma escola pública mais livre.
Contudo, gostaria de comentar a falta de ambição do governo em privatizar a RTP, logo à partida não faz qualquer sentido que o Estado detenha um órgão de comunicação social, quando principalmente ele não presta qualquer tipo de serviço público, e do pouco que presta pode perfeitamente ser contratualizado com os privados. Certamente que este retrocesso foi uma imposição do CDS, mas aqui Pedro Passos Coelho tem de fazer finca-pé para dar moralidade às privatizações, como é o exemplo dos CTT, uma empresa que gera receita, e não se vergar aos lobbies, que em relação a outros sectores são os primeiros a defender um mercado livre, e que neste caso temem a livre concorrência. Que moralidade terá depois o executivo para subir a carga fiscal, por exemplo o IVA para 23% no sector da restauração, quando este representa uma quota muito significativa da receita do turismo, conta com 80 mil estabelecimentos que empregam 300 mil pessoas, e ao mesmo tempo admitimos uma RTP com prejuízos de 1 milhão de euros por dia. Não teremos uma nesga de espaço que seja para experimentar a mesma receita do PS, basta de ataques bárbaros à economia. O governo tem de ser coerente no seu discurso e dar o exemplo.
Porto, 27 de Junho de 2011
O resultado eleitoral de 5 de Junho, mais do que derrotar o socialismo vigente desde 25 de Abril de 74, foi a concretização de um sonho, o sonho “social-democrata”, “um presidente, uma maioria, um governo”. No entanto, os tempos são ingratos para o novo residente de S. Bento, que por mais que se esforce terá que acarretar com a herança socialista, e uma situação internacional extremamente sensível e, por isso, imprevisível.
Mas nem por isso será de descurar o caderno de encargos que este Portugal exige que se cumpra, e portanto face ao domínio político do PSD sobre todas as estruturas do Estado português urge que façamos, agora, uma revisão à Constituição, que tem claramente um pendor revolucionário. No meu entender, e certamente no do governo, esta revisão constitucional deveria pautar-se pelos seguintes princípios e objectivos:
Contudo, admito que uma revisão constitucional suportada nestes princípios possa ser até desrespeitoso com a nossa história recente, mas por algum lado temos que começar a mudança, e o PS começa a ceder, evidencia a candidatura de Francisco Assis, talvez por falta de suporte ideológico, atesta a candidatura de António José Seguro.
Utopicamente seria possível ter uma divisão administrativa suportada em três níveis: municípios, regiões e Estado central.
Porto, 11 de Junho de 2011
Penso que nunca me tinha pronunciado acerca do jornalismo português em nenhuma das minhas reflexões, irei portanto fazê-lo agora, mais concretamente, por causa das declarações de Ana Gomes, eurodeputada do PS, acerca do “efeito Strauss-Kahn” em Paulo Portas. Vamos primeiro às declarações de Ana Gomes:
"Não está em causa a sua legitimidade do seu partido mas sim do dr. Paulo Portas, pessoalmente pela sua idoneidade pessoal e política em anteriores responsabilidades governamentais, no caso dos submarinos e noutros casos"
"Também não havia nada que inibisse o senhor Dominique Strauss-Kahn de ser director do FMI e no entanto toda a gente sabia que ele tinha acções altamente reprováveis na sua vida política e profissional e que podiam ser comprometedoras para o seu país e que hoje passam por uma tremenda humilhação".
"há questões que toda a gente sabe, que vocês jornalistas sabem, por exemplo o papel que teve a central de desinformação junto do então ministro Paulo Portas no tratamento que a imprensa deu ao caso Casa Pia. É preciso que alguém fale e aqui estou a eu a dar a cara. E disponível para enfrentar as consequências do que estou a dizer"
Muitos pensaram que Ana Gomes estaria a referir-se à orientação sexual de Paulo Portas, mas ela própria fez questão de recentrar polémica no seu blogue pessoal, Causa Nossa, num comentário que intitula de “Homofobia?” (9 de Junho de 11). Contudo, se aproveitarmos a visita furtuita a este espaço poderemos então retroceder a outro comentário que intitula de “Pias e ímpias” (31 de Maio de 2010) onde tece de forma camuflada a seguinte reflexão: “Começando por tratar de evitar que o pau seja de loureiro e a cabeleira loura, à la Deneuve, como a disfarçante de ímpia e insinuante careca.”
Assim, com base neste último comentário e nas suas declarações, é certo que Ana Gomes está a referir-se a uma extensa reportagem, “Les ballets bleus du Portugal”, editada pela revista francesa “Le Point”, no qual é denunciada a existência de dois ministros pedófilos no governo de Durão Barroso. Vejamos, por isso, o seguinte excerto:
“No fio de confidências sabiamente destiladas, ficamos a saber que um certo ministro do PSD (direita), católico austero e muito popular, é um pedófilo notório que regularmente dá umas voltas pela Alemanha ou Holanda para apaziguar os seus demónios. Ou que um outro ministro, membro da coligação no poder, é apelidado de ‘Catherine Deneuve’ nas paragens do Parque Eduardo VII, local para onde são arrastados os jovens homossexuais de Lisboa”. Assinam o artigo francês dois jornalistas, o francês Dominique Audibert e o português Rui Araújo.
Ora sendo que Ana Gomes representará cerca de 1 milhão de portugueses no Parlamento Europeu e Paulo Portas será provavelmente o próximo Ministro dos Negócios Estrangeiros, impõem-se que os jornalistas façam um pouco melhor o seu trabalho de campo e adiantem “as meais palavras” que ficaram por dizer, pedindo-lhe um esclarecimento cabal das suas declarações.
Porto, 7 de Junho de 2011
Portugal vive momentaneamente uma situação de alívio, à qual os mercados não foram, durante o dia de hoje, indiferentes. Finalmente libertamo-nos da claustrofobia democrática em que o Partido Socialista nos encarcerou durante 6 anos de governação. O povo foi mais uma vez soberano e deu razão ao chumbo do PSD às políticas do governo socialista e à convocação de eleições extraordinárias por parte do Presidente da República, concedendo uma maioria à direita parlamentar, expressando ao mesmo tempo a vontade de ter um governo de coligação entre PSD e CDS-PP, de inspiração liberal, de modo a cumprir com os difíceis compromissos assumidos com a troika. E nem mesmo a grande vitória que o PSD alcançou na noite eleitoral de ontem, desalinhou Pedro Passos Coelho do seu trajecto, e o seu discurso de vitória não foi diferente da honestidade que assumiu durante toda a campanha eleitoral, alertando os portugueses para as terríveis dificuldades que o país irá atravessar durante os próximos anos.
Agora, não podemos deixar de assumir as nossas responsabilidades enquanto partido responsável que sempre fomos na oposição, e mais recentemente no governo, pois possuímos condições muito específicas: um presidente cooperante, uma maioria parlamentar e uma forte presença autárquica. Falhar nestas circunstâncias, será perder a confiança dos portugueses, pelo que ninguém poderá invejar esta vitória, face ao caderno de encargos que o PS nos deixa.
Porto, 29 de Maio de 2011
Hoje, participei nas acções de campanha do PSD, no distrito do Porto, onde vi um PSD mobilizado e que inspirou o líder social-democrata para esta última semana. Foi convincente o apoio que os militantes deram a Pedro Passos Coelho em Penafiel, mas esmagador é a palavra que melhor classifica o comício na Afurada, com discursos que aqueceram o comício, como o de Aguiar-Branco e Luis Filipe Menezes, e um discurso coerente e sério de Pedro Passos Coelho.
Se já tinha dito que Pedro Passos Coelho estava a esforçar-se muito para perder estas eleições e a servir de escadote para Paulo Portas, agora tenho de admitir que a família social-democrata definiu um norte para o seu líder que agora ruma a S. Bento, ignorando as mentiras do PS de José Sócrates, e com muita vontade de MUDAR Portugal!
Se as sondagens se confirmarem, sem dúvida que iremos ter um excelente governo de coligação entre PSD e CDS/PP!
Porto, 22 de Maio de 2011
Só hoje consegui ver o debate entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho, mas antes já tinha ouvido as críticas de alguns analistas políticos que davam conta da vitória de Pedro Passos Coelho, algo que muito me espantou tendo em conta os últimos debates, principalmente o frente-a-frente com Paulo Portas. Contudo, superou sem dúvida as minhas expectativas, conseguiu esvaziar José Sócrates de conteúdo, encaminhou os ataques ao programa do PSD para o nada que é o PS, e finalmente foram julgados os 6 anos de governação socialista.Este programa do PSD, encabeçado pelo seu líder, é o programa que Portugal precisa há mais de uma década, é a ruptura com esta política de esquerda que não é mais que uma mão cheia de nada. Os portugueses não votarão naqueles que dizem defender o Estado Social e ao mesmo tempo que aumentaram a carga fiscal, o desemprego, diminuíram as pensões, cortaram nas comparticipações dos medicamentos e burlaram os contribuintes ao certificarem, através do programa Novas Oportunidades, milhares de pessoas sem o mínimo de preparação.
Isto não foi nem será “Defender Portugal”! Foi deitar uma década ao lixo, e deixar pesadas facturas para os jovens de hoje pagarem nos próximos anos.
Se Pedro Passos Coelho se manter fiel ao seu programa e mantiver o carisma que teve frente a José Sócrates, depois do dia 5 de Junho Portugal será um país melhor!
Porto, 16 de Maio de 2011
Ontem, estive a ver o debate entre Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, através do site da TVI24, a performance de Paulo Portas já todos conhecemos, mas Pedro Passos Coelho continuava a ser um tabu, os debates televisivos entre ele e os ex-candidatos à presidência do partido não deram para retirar nenhuma conclusão definitiva. Conquanto, tivesse um adversário que na altura surpreendeu bastante pela positiva, como José Pedro Aguiar-Branco, e outro pela negativa, como Paulo Rangel, mas o debate apenas se fez entre estes dois candidatos, para Pedro Passos Coelho foi apenas uma passeata, o cacique estava assegurado. Agora, o cacique não ganha eleições, e Pedro Passos Coelho tem se esforçado imenso para perder estas eleições, e no debate com Paulo Portas não foi diferente, apenas igual a si mesmo, numa retórica insípida foi derrotado por Paulo Portas, com quem até tem bastantes pontos de convergência, por José Sócrates será claramente abalroado.
No entanto, não tenho dúvidas que do ponto de vista programático o PSD é o partido mais forte, contudo só isso não basta, é preciso acreditar nos portugueses e faze-los acreditar no partido, e isso leva tempo. Mesmo sabendo que Pedro Passos Coelho tem vindo a rodear-se de pessoas competentes, todos sabemos em que condição ganhou a presidência do partido, basta ver os principais concelhos em que ganhou (e o Porto não foi um deles, mas talvez do outro lado da ponte tenha tido um resultado esmagador). Assim, não é compreensível que o líder do PSD peça uma maioria aos portugueses, mesmo afirmando que vai pedir coligação ao CDS/PP (mas para quê, são assim tão amigos?).
Pelo contrário o CDS/PP tem desde o regresso de Paulo Portas tido uma coerência notável, construiu uma equipa competente, vê-se que existe trabalho naquela bancada parlamentar, ao contrário das restantes, pelo que tem sem dúvida merecido os votos dos portugueses. E para um militante de base, de um partido com bastante tradição autárquica, tem uma coisa muito importante e que Paulo Portas já sublinhou várias vezes, «Não tenho que prestar vassalagem a caciques».
Ermesinde, 10 de Maio de 2010
Ultimamente, não tenho acompanhado a actualidade política, mas por motivos pessoais tenho acompanhado a recepção que as pessoas têm da campanha eleitoral. Nenhuma. As pessoas não estão minimamente preocupadas com as eleições legislativas, porque independentemente do vencedor das eleições, e das coligações pós-eleitorais, quem vai mandar no povo português são os credores. De pouco interessa “Defender Portugal” ou “Mudar Portugal”, os dois autores destes slogans são os responsáveis por estarmos na penúria.
O que seria mesmo urgente era fazer uma reforma séria aos partidos políticos, talvez uma refiliação e algumas alterações nos estatutos. Tudo medidas que visassem uma maior qualidade e participação mais independente dos militantes na vida politica. Embora, estas alterações devessem ser impostas pelo tempo, a conjuntura impõem que sejam agora.
Ermesinde, 28 de Abril de 2011
O desemprego jovem cada vez atinge proporções mais preocupantes, mas é necessário a classe política verificar as suas causas e não fechar os olhos aquilo que é da sua área de competências. Não adianta insistir mais no factor educação, porque isso todos sabem que em comparação com o resto da Europa é má, conquanto tenhamos que admitir que desde o 25 de Abril melhoramos significativamente as condições de ensino.
O problema mais uma vez tem origem na falta de crescimento económico e das progressivas medidas contra a estabilidade no emprego. Um jovem naturalmente salta de emprego em emprego, como em qualquer outro país, mas em situação de dificuldade é inadmissível que as empresas dispensem trabalhadores, para outra “fornada” entrar, mesmo quando isso não representa nenhuma redução de custos. Os contratos de trabalho apenas asseguram uma das partes, já nem mesmo temporários alguns são, e isso no momento actual não pode transmitir grande segurança ao trabalhador, principalmente quando se encontra numa situação mais delicada da sua vida profissional.
Por isso, falar em mais Estado Social no Portugal de hoje é não conhecer as condições de trabalho de muitos trabalhadores. Combater a flexibilização laboral é puro eleitoralismo. O que é preciso é uma economia a crescer e com medidas que tragam confiança aos trabalhadores e ajudem as empresas a dar a formação profissional que o Estado já não sabe dar.
Ermesinde, 28 de Abril de 2011
“A pretensão essencial do fundamentalista é que ele sabe o que é a verdade”. É a primeira frase do segundo capítulo do livro que actualmente estou a ler, A Alma Conservadora, de Andrew Sullivan. O poder desta frase deixou-me enredado numa fé que desconhecia, o ateísmo. Não deixa de ser uma fé, pelo simples motivo que tal como qualquer outra religião nos impõe uma “verdade” que aparentemente não permite a dúvida, e leva-nos a convencer os outros da nossa verdade. O que é uma tendência natural e que tem que ver com o processo de socialização do ser humano.
O ateísmo liberta-nos do fardo de uma conduta escrita num livro e deixa toda a consciência à nossa responsabilidade, não possuímos uma base teológica que condicione entre aquilo, que um livro cheio de incoerências, classifica de bem e de mal. Conquanto, o peso da dúvida é uma “dor” pesada, é consequência de não aderir a algo que nos esclarece o impossível e tranquiliza, quanto ao que virá depois da morte. Porém, as perguntas não deixam de surgir, por muito que acreditemos que tudo não passará de um sono profundo sem sonhos.
Actualmente, e estando esta “fé” muito em voga, não podemos permitir que à semelhança dos grupos extremistas, que têm a sua origem na ameaça que outras culturas fazem à sua própria cultura, como foi o exemplo das fogueiras da inquisição, dos grupos radicais islâmicos, do holocausto e da purga no Partido Comunista Soviético, nos afundemos no nosso próprio fundamentalista.
“A maior parte das pessoas no Ocidente não que acreditar que o fundamentalismo religioso é a força principal por detrás da onda de terror islâmico que se transformou numa praga no mundo do novo milénio. Querem antes acreditar que a sua violência psicótica é consequência de uma distorção da fé fundamentalista, em vez de a ver como a sua consequência extrema e última.”
Uma das pedras basilares da nossa fé é a liberdade e o respeito que temos para com as convicções dos outros.
Um livro que acabei de ler há poucas semanas e que encheu as minhas medidas. “Continuem a Moer-lhes o Juízo” é uma obra de Sir Martin Gilbert, biógrafo oficial de Winston Churchill, que nos dá a conhecer a brilhante liderança de Churchill durante a Segunda Guerra Mundial. O papel que a “Informação” teve para a Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial é um factor várias vezes mencionado, e um dos segredos da vitória Britânica e consequente derrota da Alemanha Nazi.
"Nós vamos continuar o nosso destino e o nosso destino é vencê-los"
Completamente afastado da actualidade política, apenas consigo ler a secção de desporto do JN. É a única que me dá alegrias. Nunca pensei que a ignorância me pudesse trazer tanta satisfação.