Porto, 21 de Julho de 2011
Agora que o PSD é governo começa a ser natural o desinteresse, ou melhor, a falta de tempo dos dirigentes do Partido para tratar de questões internas. Contudo, outra linha ficará a assumir essas responsabilidades, porque falta de bons quadros este Partido felizmente não tem, e por vezes poderá até ser o excesso que origina estas múltiplas e diversas lutas partidárias.
Espera-nos, por isso, um período de relativa acalmia partidária, essencial para montar os alicerces para um futuro que se prevê extremamente difícil para os portugueses. As bases têm portanto de ser trabalhadas desde já, uma pluralidade de eleições internas irão surgir, pelo que será da responsabilidade das respectivas facções procurar o consenso. Não uma paz podre, mas sim a identificação daqueles que melhor estão preparados para liderar as respectivas estruturas, e que contem com um currículo político marcado pela experiência política e profissional, e sobretudo o bom trabalho.
Assim, o Partido poderá partir para o próximo ano político com estruturas sólidas cruciais para rebater a contestação social, que se avizinha, e os abutres que dela se tentarão aproveitar. Ora, um bom líder político nos dias que correm tem de estar internamente associado sobretudo à mobilização, ou seja, unir os militantes e atrair aqueles que da política progressivamente se têm afastado. É por isso essencial que os nossos presidentes de núcleo encabecem estas características ou as procurem na sua actividade partidária, porque são eles quem mais de perto contacta com as bases.
Mas apesar de tudo isto não se pode desconsiderar o desempenho do governo. O governo tem sobretudo de praticar uma política coerente e honesta, sem espaço a romantismos de ar condicionados e funcionários sem gravata, ou seja, um governo que apareça pelos melhores motivos nos jornais e não na imprensa cor-de-rosa. Assim, preocupo-me mais com o trabalho real deste executivo, como a execução exemplar do memorando da troika, do que as mensagens que este quer enviar ao povo, com uma patética extensão aos mercados.