oalmirante @ 18:00

Qui, 31/05/12

Ontem tive oportunidade de ver excertos da intervenção do Primeiro-ministro, durante o debate quinzenal, e do ministro Miguel relvas, durante a comissão de inquérito. Apesar de Miguel Relvas ser Miguel Relvas, fiquei com a ideia de que realmente nada tem a ver com este caso das Secretas. Primeiro pela forma sólida, como ia respondendo às perguntas, muitas das vezes formuladas num tom inquisitorial; segundo porque me parece difícil que Pedro Passos Coelho comprometesse o seu governo e a sua palavra com este caso.
No entanto, a forma como Miguel Relvas respondia às perguntas, acusando um certo nervosismo, inerente, certamente, à pressão das mesmas, que punham em causa o seu bom nome, mais todo este caso que já fez dele um ministro “semi-morto”, poucas dúvidas me deixou quanto às ameaças que supostamente fez à jornalista do Público. E este sim parece-me ser o único ponto em que Miguel Relvas tem culpa, mas que teve a oportunidade de se refugiar por ser a sua palavra contra a da jornalista, para além de em todo este caso este parecer inequivocamente algo menor.
Contudo, penso que a comissão de inquérito e a comunicação social estão a fazer sobre este caso uma investigação condenável e vergonhosa, prendendo-se apenas a factos interessantes para a política cor-de-rosa. Pois, do que este caso das Secretas trata é algo muito mais grave do que os sms de Miguel Relvas, esta é pois uma guerra empresarial entre o grupo Impresa, de Francisco Pinto Balsemão, e a Ongoing, de Nuno Vasconcellos, que detém uma posição significativa na Impresa, e cujas relações pessoais são difíceis por motivos empresariais. Até aqui tudo é legítimo. Deixa-o de ser quando um antigo director do SIED, nomeado pelo governo socialista, e ex-administrador da Ongoing, Jorge Silva Carvalho, usa serviços da República para produzir dois relatórios sobre um jornalista do grupo Impresa, Ricardo Costa, e o empresário e fundador de uns dos principais partidos responsáveis pela democracia portuguesa, Francisco Pinto Balsemão.
Assim, importa não só averiguar, como isto foi possível, como esclarecer a nublosa que envolve esta empresa, Ongoing, que constantemente se vê envolvida em escândalos, como foi o da compra da TVI, que ficou famoso não só pelo alegado plano do anterior governo de controle da comunicação social, mas também pela intervenção do ex-deputado Agostinho Branquinho, na comissão de inquérito, que afirmou que ninguém sabia o que fazia essa empresa, a Ongoing, mas dois meses depois foi para lá trabalhar.
Está por isso claro que o comportamento do bloco central será impreescindivel para o apuramento de toda a verdade neste caso. Isto para não falar de que loja maçonica faz parte cada um dos intervenientes neste caso.




oalmirante @ 14:41

Sex, 25/05/12

Miguel Relvas é o ministro da máquina, o gangster, como lhe preferem chamar os partidos de esquerda. Foi com o seu forte contributo que Pedro Passos Coelho foi eleito presidente do PSD, e posteriormente Primeiro-ministro. Assim, numa primeira fase apenas precisou de lidar com algumas figuras partidárias, mas agora enquanto ministro o espirito das negociatas não basta.

E não bastou, porque não foi preciso sequer um ano para que se espalhasse ao comprido. Primeiro o caso das Secretas, e agora no seu seguimento as pressões sob a jornalista do Público. Ora já todos sabemos que deixar Miguel Relvas lidar com a comunicação social, é o equivalente a colocar Strauss-Khan e uma camareira no mesmo quarto de hotel, ou seja, dá asneira!

Contudo, o mais preocupante não é isso, ou melhor, será se Passos Coelho não lhe passar uma guia de marcha. Mas, o que realmente me aflige é ver os militantes do PSD e CDS que foram tão críticos, e com razão, em relação às alegadas pressões do anterior governo sob a TVI, virem agora com paninhos quentes tentar desdramatizar esta questão.

Num governo democrático é inadmissível existirem pressões sob os membros da comunicação social, e se o ministro lida mal com a pressão das perguntas, então é mais que óbvio que não serve para o cargo! Esta é uma excelente altura para Passos Coelho demonstrar a sua coragem e livrar-se destes “polvos” partidários.

 




oalmirante @ 21:18

Qua, 16/05/12

Em Março do ano passado tive o prazer de estar presente num jantar/debate com o Eng.º Carlos Pimenta, onde se debateu a política energética a seguir no futuro. Em contracorrente à defesa das energias renováveis, defendidas pelo Eng.º Carlos Pimenta, o Eng.º Mira Amaral, uma semana antes, durante uma Assembleia Distrital de Viana do Castelo, no âmbito da revisão do programa do PSD, defendia a implementação do nuclear em Portugal.

Relembro dois pontos que na altura foram para mim de extrema importância:

  1. Citando o ex-primeiro-ministro, José Sócrates, em Montalegre: "53% da produção eléctrica nacional foi com base nas energias renováveis, o que permitiu reduzir a importação de petróleo".
  2. Explicação: “Ora é preciso que os nossos distintos jornalistas económicos e os nossos partidos políticos percebam que as renováveis (barragens inclusive) que produzem electricidade não poupam um único barril de petróleo importado pois que: (1) já não utilizamos petróleo na produção de electricidade; (2) o consumo de petróleo é basicamente no sector dos transportes e só quando houver massificação dos veículos eléctricos, o que infelizmente ainda vai levar bastante tempo, é que a electricidade substituirá o petróleo”.

A política seguida pelo então governo socialista, não tinha por base reduzir a importação de petróleo, mas tão-simplesmente dar continuidade a um projecto que representa 96% de incorporação nacional. Isto do ponto de vista político é óptimo, mas não é tão positivo assim, como se fez crer, do ponto de vista económico, isto é, os restantes 47% de produção eléctrica nacional então só poderão ser produzidos através de centrais de carvão ou gás, deduzo que importados.

Assim, relembro a questão do nuclear, mas desta feita com um pequeno enquadramento histórico. A Segunda Guerra Mundial, e os respectivos bombardeamentos nucleares, em 1945, de Hiroxima e Nagasaki, introduziram uma nova Era, a Era Nuclear. Uma nova ordem mundial foi necessária para controlar a ameaça constante que representa a bomba nuclear. Contudo, os programas nucleares continuaram a ter uma aplicação civil, mas com a catástrofe de Chernobyl, em 1986, os países europeus, e muito pela luta dos partidos ecologistas europeus, começaram a optar por desactivar as suas centrais.

Contudo, nos 26 anos seguintes à catástrofe, em Chernobyl, a discussão em torno do aquecimento global é hoje uma das grandes preocupações das principais potências mundiais, culminando em sucessivas cimeiras e tratados, sem qualquer tipo de efeito prático. E com abolição dos seus programas nucleares, a maioria dos países europeus voltou a utilizar combustíveis fósseis para a produção de electricidade, por ser claramente impossível subsistir com apenas energias renováveis. Assim, e mais uma vez, a questão do nuclear volta para cima da mesa, e desta feita pelos melhores motivos, hoje em dia já muitos partidários dos partidos ecologistas defendem a opção nuclear, por esta não emitir gases de efeito estufa. A Finlândia, por exemplo, cerca de 20 anos depois de ter desligado o seu último reactor nuclear, voltou recentemente a optar por esta opção.

A Europa ao voltar a optar pelo nuclear terá, no entanto, uma dupla vantagem. Nesta nova ordem mundial, as principais potências são detentoras de fortes programas nucleares, com uma vertente claramente militar, tendo em vista os seus interesses geopolíticos. Falamos hoje em dia, não só de Estados Unidos e Rússia, mas também a China, Índia, Brasil, Paquistão e Irão. A opção da Europa por uma estratégia geoeconómica, conforme preconiza a própria EU, não foi uma ideia mundialmente aceite por todos, e por isso, importa agora que a Europa recupere o seu lugar no Mundo, fazendo-se respeitar e protegendo os seus próprios interesses e a paz mundial.

 




oalmirante @ 11:45

Seg, 14/05/12

A educação em Portugal nunca foi um capítulo de particular orgulho nacional, mas na última década foi invadida por uma vaga de suposta modernidade sem precedentes. O sentido de dever para com as futuras gerações nunca foi preocupação, nem dos governos, nem dos sindicatos. Mais uma vez deu-se continuidade a uma cultura que não tem sensibilidade para com o sentido de dever, na formação dos jovens, mas tão-somente na defesa dos seus próprios interesses, colidindo frontalmente com a liberdade de terceiros, que constitui o direito à educação.

A escola portuguesa do século XXI necessitava sobretudo de uma ampla reforma ao nível das disciplinas leccionadas, e dos seus respectivos programas. Contudo, perpetuaram-se as lutas entre governos e sindicatos sobre a avaliação dos professores, enquanto a avaliação dos alunos, essa continuou sempre por fazer. E mesmo do pouco que foi feito, foi mal feito, pois nunca se chamaram os principais responsáveis da educação para encabeçarem um processo de reformas, apenas supostos especialistas que nunca leccionaram, e que em nome do progresso e pelo progresso nunca admitiram os erros das suas experimentações.

O Ministério da Educação nunca teve coragem, de abdicar do seu poder central, e redireccionar as suas constantes reformas para uma educação mais livre, e consequentemente concorrencial de forma a elevar de modo natural a qualidade do ensino. Um ensino livre que enquadre as tradições locais e progrida através de uma interacção entre tradição e mudança, mas também um ensino em que a família possa escolher qual a instituição de ensino em que deseja educar os seus filhos.

Igualmente importante, será introduzir um novo método, que longe de ser contra a especialização, requerida pela realidade dos dias de hoje, contribua para uma sociedade de indivíduos educados, com um intelecto cultivado, uma atitude nobre e cortês na condução da vida. Como? Talvez através de uma base comum e nuclear, no ensino básico e superior, onde fosse acentuada a prática do desporto, e sobretudo dado a conhecer aos alunos as grandes obras, cultivando assim o gosto pelo desporto e as artes, de forma a estes compreenderem o passado, e saberem influenciar o seu futuro.




oalmirante @ 02:41

Sab, 12/05/12

Durante a semana passada dediquei o meu tempo livre a ler dois livros de Eric Arthur Blair, escritos sob o pseudónimo de George Orwell, são eles duas das suas obras mais importantes: O Triunfo dos Porcos e 1984.

Começo pelo primeiro. Sem dúvida um dos melhores livros do século XX, pela simplicidade e imaginação da crítica ao regime soviético. A sátira recorre à figura de animais para narrar uma história de traição, onde é executada uma revolução contra o dono da Quinta Manor, Jones, em prol de um sonho onde “todos os animais são iguais” e têm melhores condições de vida. Contudo essa revolução viria a ser traída, passando no fim a serem “todos os animais iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”. E neste ponto, na minha opinião, é nos possível estabelecer algumas analogias com os porcos, classe descrita como mais inteligente e que, portanto, assume o controlo da revolução. São elas: Snowball – Leon Tróski, e Napoleão – Estaline.

Quanto a Nineteen Eighty-Four, este romance narra a história de Winston Smith, em Londres, agora na Oceânia, algures por volta de 1984. Nesta obra é apresentado um cenário de ficção política e social, onde é descrito o dia-a-dia de um regime totalitário, em que o Partido e o Estado se confundem à semelhança dos regimes soviético e nazi. Poderíamos mesmo dizer, de modo algo abusivo, que é uma transcrição prática do Contrato Social, de Jean-Jacques Rosseau. Onde o individuo abdica da sua liberdade para o bem comum, e deste modo torna-se tão livre quanto os outros. Contudo, aqui mais uma vez alguns são mais iguais do que outros, e na estratificação da sociedade, temos os membros do Partido Interno, que usufruem de luxos inacessíveis e puníveis aos membros do Partido Externo, funcionários do Estado e/ou Partido, e os proles, população em geral, descrita como irracional e, por isso, invejados pelo personagem principal.

O Partido, regido pelo Grande Irmão (Big Brother), controla o passado, alterando conforme lhe convém a história, e com isso condiciona o presente e futuro, obrigando cada individuo a acreditar noutra realidade e se preciso o seu contrário, um processo descrito por «duplipensar». Simultaneamente, apresenta uma nova língua, quase que matemática, e que em si mesmo impede a crítica e aumenta o controlo sobre o livre pensamento e a critica, descritos muitas vezes como «crimideia».

Além disso, neste mundo de Orwell, seria possível vigiar cada individuo através de uma «teletela», e abdicação da sua liberdade chega ao ponto, em que por enquanto o casamento apenas serve para procriar, pelo Partido, mas num futuro até isso será impedido pelo partido, bastando a inseminação artificial, para impedir ainda mais qualquer emoção humana.

 


 

Estes dois livros são a meu ver de maior importância nos dias de hoje, pois o seu fácil entendimento permite-nos perceber um pouco do que foi o regime soviético, a reacção à morte de Kim Jong-il, e o quanto os regimes totalitários podem deformar o núcleo indivisível de cada individuo, que é a sua liberdade. Portanto, querer encetar por vias radicais conforme demonstram alguns resultados eleitorais na Europa do século XXI, não é apenas errado, é falta de respeito pela história daqueles que deram a vida por uma Europa livre de regimes totalitários.

 



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"We shall go on to the end, we shall fight in France, we shall fight on the seas and oceans, we shall fight with growing confidence and growing strength in the air, we shall defend our Island, whatever the cost may be, we shall fight on the beaches, we shall fight on the landing grounds, we shall fight in the fields and in the streets, we shall fight in the hills; we shall never surrender (...)"

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