oalmirante @ 02:41

Sab, 12/05/12

Durante a semana passada dediquei o meu tempo livre a ler dois livros de Eric Arthur Blair, escritos sob o pseudónimo de George Orwell, são eles duas das suas obras mais importantes: O Triunfo dos Porcos e 1984.

Começo pelo primeiro. Sem dúvida um dos melhores livros do século XX, pela simplicidade e imaginação da crítica ao regime soviético. A sátira recorre à figura de animais para narrar uma história de traição, onde é executada uma revolução contra o dono da Quinta Manor, Jones, em prol de um sonho onde “todos os animais são iguais” e têm melhores condições de vida. Contudo essa revolução viria a ser traída, passando no fim a serem “todos os animais iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”. E neste ponto, na minha opinião, é nos possível estabelecer algumas analogias com os porcos, classe descrita como mais inteligente e que, portanto, assume o controlo da revolução. São elas: Snowball – Leon Tróski, e Napoleão – Estaline.

Quanto a Nineteen Eighty-Four, este romance narra a história de Winston Smith, em Londres, agora na Oceânia, algures por volta de 1984. Nesta obra é apresentado um cenário de ficção política e social, onde é descrito o dia-a-dia de um regime totalitário, em que o Partido e o Estado se confundem à semelhança dos regimes soviético e nazi. Poderíamos mesmo dizer, de modo algo abusivo, que é uma transcrição prática do Contrato Social, de Jean-Jacques Rosseau. Onde o individuo abdica da sua liberdade para o bem comum, e deste modo torna-se tão livre quanto os outros. Contudo, aqui mais uma vez alguns são mais iguais do que outros, e na estratificação da sociedade, temos os membros do Partido Interno, que usufruem de luxos inacessíveis e puníveis aos membros do Partido Externo, funcionários do Estado e/ou Partido, e os proles, população em geral, descrita como irracional e, por isso, invejados pelo personagem principal.

O Partido, regido pelo Grande Irmão (Big Brother), controla o passado, alterando conforme lhe convém a história, e com isso condiciona o presente e futuro, obrigando cada individuo a acreditar noutra realidade e se preciso o seu contrário, um processo descrito por «duplipensar». Simultaneamente, apresenta uma nova língua, quase que matemática, e que em si mesmo impede a crítica e aumenta o controlo sobre o livre pensamento e a critica, descritos muitas vezes como «crimideia».

Além disso, neste mundo de Orwell, seria possível vigiar cada individuo através de uma «teletela», e abdicação da sua liberdade chega ao ponto, em que por enquanto o casamento apenas serve para procriar, pelo Partido, mas num futuro até isso será impedido pelo partido, bastando a inseminação artificial, para impedir ainda mais qualquer emoção humana.

 


 

Estes dois livros são a meu ver de maior importância nos dias de hoje, pois o seu fácil entendimento permite-nos perceber um pouco do que foi o regime soviético, a reacção à morte de Kim Jong-il, e o quanto os regimes totalitários podem deformar o núcleo indivisível de cada individuo, que é a sua liberdade. Portanto, querer encetar por vias radicais conforme demonstram alguns resultados eleitorais na Europa do século XXI, não é apenas errado, é falta de respeito pela história daqueles que deram a vida por uma Europa livre de regimes totalitários.

 



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"We shall go on to the end, we shall fight in France, we shall fight on the seas and oceans, we shall fight with growing confidence and growing strength in the air, we shall defend our Island, whatever the cost may be, we shall fight on the beaches, we shall fight on the landing grounds, we shall fight in the fields and in the streets, we shall fight in the hills; we shall never surrender (...)"

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